O presidente alemão Christian Wulff se demitiu do posto dia 17 de fevereiro, devido a um escândalo de corrupção. Ele negou as acusações, porém acabou saindo do cargo.
O nome de consenso do governo e da oposição para ser o novo presidente do país, que tem um regime parlamentarista, é Joachim Gauck. Ele é um pastor com uma longa história na luta pelos direitos civis na Alemanha. Seu nome foi apontado mesmo depois de ter perdido a disputa contra o democrata-cristão Wulff, em 2010. Na época, o pastor tinha o apoio dos sociais-democratas e do Partido Verde, enquanto Wulff era o candidato do governo, liderado pela primeira-ministra Angela Merkel.
Quando tinha 11 anos, o pai de Gauck foi preso pelas autoridades comunistas e enviado a uma prisão siberiana. Desde então afirma que se tornou um opositor ao comunismo. Quando jovem, queria ser jornalista, mas sua carreira foi abortada quando se recusou a entrar para uma associação de jovens comunistas. Foi então que decidiu estudar teologia. Ordenado em 1965, sempre pautou seu ministério pela valorização do ser humano.
O pastor hoje tem 72 anos, é casado e tem quatro filhos. Ele esteve ligado durante muitos anos na luta pela reunificação da Alemanha, após a ditadura comunista no lado oriental. Em 1989, pouco antes da queda do comunismo na Alemanha, Gauck surgiu como o porta-voz do Novo Fórum, o primeiro movimento legal de oposição ao regime na Alemanha Comunista. Em 1990, ele recusou uma oferta dos conservadores para se tornar presidente.
Tornou-se diretor dos arquivos da polícia política, a STASI, em 3 de outubro de 1990, dia oficial da reunificação da Alemanha. Ficou no cargo até 2000, tendo se tornado uma das figuras mais fortes na luta pela reunificação das duas Alemanhas, mas até então nunca aceitou convites para ocupar cargos políticos.
Gauck já foi chamado de “a versão alemã de Nelson Mandela”. Foi um dos principais líderes do movimento de pastores protestantes que lutaram durante anos para derrubar o regime comunista no país. Entre outras coisas, eles ficaram conhecidos por expor os crimes da temida polícia secreta da Alemanha Oriental.
“As questões centrais na vida pública de Joachim Gauk têm sido a liberdade e a responsabilidade. É isso que me liga a ele pessoalmente, apesar das nossas diferenças”, disse Angela Merkel aos repórteres durante a coletiva neste domingo (19).
“Não vamos esquecer que foram sacerdotes como Joachim Gauck que ajudaram a fazer uma revolução pacífica na Alemanha Oriental”, acrescentou Merkel, que é filha de um pastor protestante.
Ele estava ao lado de Merkel durante o anúncio e ressaltou que não é um “super-homem” nem um “homem sem erros”. Curiosamente, Gauck não está filiado a nenhum partido político, descrevendo-se como “um conservador de esquerda, um liberal”.
Autor de muitos livros que tratavam do tema direitos humanos, está lançando hoje sua nova obra “Liberdade – Um apelo”, justamente quando sua candidatura foi oficializada.
Gauck não terá opositores na eleição realizada por votos indiretos na Convenção Federal. Participam todos os membros do Bundestag, bem como os delegados escolhidos pelas assembleias legislativas dos Estados. O pleito ocorrerá dia 18 de março.
Traduzido e adaptado de Reuteres e Spiegel
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