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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

As Mulheres na Reforma Protestante



Duas mulheres na Reforma Protestante

Marie Dentière (Tournai, 1495 – Genebra, 1561), também conhecida como Marie d'Ennetieres, foi uma teóloga e reformadora protestante belga. Teve um papel ativo na reforma religiosa e política de Genebra, especialmente no fechamento de conventos e pregando junto a João Calvino e Guilheme Farel. Seu segundo marido, Antônio Froment, também foi um ativo reformador. Além disso, seus trabalhos em favor da Reforma e seus escritos são considerados uma defesa da perspectiva feminina em um mundo que passava por rápidas e drásticas transformações em pouco tempo. É de sua autoria uma das frases mais importantes da época: “Passei muito tempo na escuridão da hipocrisia. Somente Deus foi capaz de fazer-me enxergar minha condição e conduzir-me à luz verdadeira”. Seu segundo marido, Antoine Froment, também foi um ativo reformador.
A maior parte dos primeiros anos de vida de Marie Dentière não é conhecida. Nasceu em uma família relativamente abastada e ingressou bem jovem em um convento agostiniano. Foi eleita abadessa, mas, devido às pregações de Martinho Lutero contra a vida monástica, abandonou sua posição e uniu-se à Reforma. Fugiu para Estrasburgo para escapar da perseguição. Esta cidade prontamente se converteu em um conhecido refúgio dos protestantes da época.
Durante sua estadia em Estrasburgo casou-se em 1528 com Simão Roberto, um jovem ministro, com quem teria dois filhos. Ele faleceu em 1533, cinco anos após o casamento. Viúva, casou-se com Antônio Froment, também pregador, que acompanhava a Guilherme Farel em Genebra. A pregação pública de Marie Dentière irritou Farel e Calvino, provocando uma forte discussão entre os três reformadores.
A pregação de Marie Dentière destaca a importância de reformar as crenças religiosas da época, mas também a necessidade de ampliar o papel das mulheres na religião. Para Marie Dentière, as mulheres e os homens estão igualmente qualificados para interpretas as Sagradas Escrituras e os aspectos práticos da fé.
Na Genebra de 1536, devido à bem-sucedida rebelião contra o Duque de Savóia e o arcebispo, Marie Dentière compôs “A guerra e a libertação da cidade de Genebra”, publicado anonimamente. O escrito chamava os genebrinos a unirem-se à Reforma.
Em 1539, Dentiére escreveu uma carta aberta a Margarita de Navarra, irmã do Rei da França, Francisco I, intitulada Espistre tres utile (O título completo em português é "Epístola muito útil, escrita y composta por uma mulher cristã de Tournay, enviada ao Reino de Navarra, irmã do Rei da França, contra os turcos, judeus, infiéis, falsos cristãos, anabatistas e luteranos"). Na carta, ela incitava a expulsão do clero católico da França e criticava a estupidez dos protestantes que obrigaram a Calvino e Farel a abandonar Genebra. A carta foi rapidamente proibida por seu teor abertamente subversivo.
Apesar da qualidade de seus escritos teológicos, Marie Dentière sofreu perseguição e incompreensão tanto por parte das autoridades católicas como pelos próprios reformadores genebrinos, que impediram a publicação de qualquer texto escrito por uma mulher na cidade durante o resto do século XVI.
Em 3 de novembro de 2002 seu nome foi gravado no Monumento Internacional da Reforma, em Genebra, por sua contribuição à história e à teologia da Reforma, tornando-se a primeira mulher a receber tal reconhecimento.


Catarina (Katharina) von Bora (Lippendorf, 29 de janeiro de 1499 – † Torgau, 20 de dezembro de 1552) foi uma freira católica cisterciense alemã.
Em 13 de Junho de 1525, casou-se com Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante.
Dos seis filhos de Martinho Lutero e Catarina von Bora, Margaretha foi a única que manteve a linhagem até os dias de hoje. Um descendente ilustre da família Lutero é o ex-presidente alemão Paul von Hindenburg.
A magra Catarina Von Bora tinha apenas cinco anos de idade quando foi deixada por seu pai nos portões da escola do convento beneditino na cidade de Brehna, na Alemanha. Como a mãe dela havia morrido, e seu pai logo se casaria, uma filha pequena era um peso muito grande, e seu pai achou que no convento ela pelo menos receberia uma boa educação. Mesmo não tendo planejado para si o estilo de vida de uma freira, Catarina passou a se submeter à rigorosa rotina vivida diariamente nos conventos.
Ela foi educada por um professor e aprendeu latim numa época em que as mulheres não conseguiam ler nem mesmo a própria língua. Também aprendeu a cozinhar, costurar e a cuidar de jardins. Orava sem parar e participava dos cultos na igreja todos os dias. Mas quando Catarina tinha seus vinte e poucos anos, os ensinos de um homem chamado Martinho Lutero começaram a penetrar pelas paredes do convento. (Lutero era um ex-monge que havia deixado o monastério quando entendeu mediante seus estudos na Palavra de Deus, que os homens eram salvos pela graça por meio da fé, e não por penitência, boas obras ou serviço para a igreja.)
Às vésperas da Páscoa de 1523 Catarina e outras onze irmãs escaparam do convento escondidas na carruagem de um mercador chamado Leonard Koppe. Três delas voltaram para seus lares e as outras nove foram levadas a Wittenberg, onde o próprio Lutero esperava encontrar casas, marido e emprego para elas. Com o passar do tempo todas já haviam se estabelecido e encontrado um marido, menos uma – Catarina Von Bora. Ela havia se apaixonado por um jovem, mas os pais dele se recusaram a deixar que o casamento acontecesse por causa de seu passado como ex-freira. Ela ficou desolada. Lutero propôs que ela se casasse com outra pessoa, mas ela recusou o homem sugerido. Ela não estava sendo difícil, apesar de Lutero pensar assim.
Quando um amigo de Lutero veio para uma visita, Catarina sinalizou para ele que Lutero seria o tipo de marido que ela aceitaria – apesar da diferença de idade entre ambos, que era de quase dezesseis anos e apesar de Lutero dizer que não se casaria. Quando Lutero escutou as palavras de Catarina, não as encarou com seriedade, mas contou aos pais dele num dia em que foi visitá-los. Ao invés de rir, o pai de Lutero começou a pensar sobre o fato. Lutero já não era tão jovem, e seu pai ainda tinha esperanças de realizar o sonho de ser avô! Aquilo tudo que começou como uma piada, foi ficando cada vez mais sério para Lutero. Casando-se com Catarina, Lutero lhe daria o status de que precisava, daria testemunho da fé que cria mesmo contra a vontade do papa, e daria alegria e conforto ao seu velho pai. Então no dia 13 de junho de 1525, o ex-monge se casou com a ex-freira.
Catarina abriu as portas da sua casa pra que monges, freiras, padres que escancaravam seus corações pra verdade de Deus e se tornavam adeptos da Reforma se refugiassem, mesmo sabendo que estavam entrando num tempo de perseguição e isso pudesse resultar numa invasão ao seu lar. Existiram vezes, que 25 pessoas moravam em sua casa, sem contar ela, Lutero, as crianças e os 11 órfão de quem cuidavam!
Lutero nunca se negava a ajudar um necessitado. Sempre oferecia dinheiro a quem precisava e logo logo, acabou com as lindas porcelanas que Catarina ganhou de presente de casamento, vendendo para conseguir dinheiro e abençoar aqueles que lutavam pela causa da graça de Cristo!
Além de todas essas coisas Catarina ainda esteve ao lado de Lutero em um dos momentos mais difíceis de sua vida, se não o mais: a morte de uma de suas filhinhas.
Katy cuidou de Hans Lutero, seu primeiro filho, ao mesmo tempo em que seu esposo passava por uma terrível depressão. Ela se sentava ao seu lado e lia a Bíblia pra ele edificando seu coração. Conciliou as tarefas da casa, de hospedagem, mãe, esposa com a árdua tarefa de ajudar Lutero na tradução das escrituras para o alemão. Ouvia os desabafos de Martinho e sabia que cada vez que ele saia para pregar podia não o ver voltar, pois quanto mais pregava, mais inimigos Lutero ganhava. Expandir o Reino e as verdades bíblicas significava para Catarina poder ficar viúva. Mas ela sempre o encorajava: “Deus cuidará de nós. Não tema! Pregue!”.
Ela realmente é admirável. Sua postura permitia Lutero pregar livremente e arriscar sua vida pela Verdade!
“Catarina não escreveu nenhum livro nem pregou nenhum sermão, mas sua inestimável ajuda possibilitou que o marido fizesse isso. Ela foi um grande apoio pra ele.” Como Lutero mesmo disse a um amigo: “Minha querida Katy me mantém jovem e em boa forma também (risos). Sem ela eu ficaria totalmente perdido. Ela aceita bem minhas viagens e, quando volto, está sempre me esperando. Cuida de mim nas depressões. Suporta meus acessos de cólera. Ela me ajuda em meu trabalho e, acima de tudo ama a Jesus. Depois de Jesus, ela é o melhor presente que Deus em deu em toda a vida... Se um dia escreverem a história da Reforma da Igreja espero que o nome dela apareça junto ao meu e oro por isso”.
Tudo que Catarina Lutero falou ao ouvir isso foi: “Tudo que tenho sido é esposa e mãe e acho que uma das mais felizes de toda a Alemanha!”.
O casal teve seis filhos e ainda adotou mais quatro. A família era considerada modelo na Alemanha. Lutero chamava sua esposa de "estrela da manhã de Wittinberg". Katie viveu por mais seis anos após a morte do esposo em 1546.
Lutero ficaria decepcionado ao saber que o nome da esposa nunca é citado quando o assunto é Reforma da Igreja, mas aos mais sensatos nunca ficará esquecido o ditado reformado: "Ao lado de um grande homem, há sempre uma grande mulher" por isso, Katarina Van Bora marcou presença na história. Ela entendeu que ser mulher significa poder mudar o mundo! E o fez.

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