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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Boate Kiss: Padre culpa pais e jovens mortos por tragédia e gera polêmica

Afirmações de um padre a uma rádio de Farroupilha, na Serra do Rio Grande do Sul, ganharam repercussão nas redes sociais um dia depois que o incêndio na boate Kiss completou um ano. Na entrevista, o padre afirmou que a morte de 242 pessoas foi "imprudência" dos próprios jovens que estavam na casa noturna. As declarações geraram uma resposta da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia (AVTSM) e a declaração do padre de que houve mal-entendido.

Durante a entrevista, realizada na manhã de terça (28), o padre Odair Risso criticou a falta de segurança em casas noturnas e o Conselho Tutelar. Segundo ele, o órgão é a “maior praga do mundo”, pois não permite que jovens trabalhem.

“Se estivessem dormindo, não teria acontecido nada. Se enfiar dentro de um caixote sem saída (...) a imprudência é deles. Essa é a minha opinião (...). A pior praga do mundo são os conselhos tutelares de alguns estados, que não permitem que os jovens trabalhem. Então, se prostituir, se drogar, pode. Só não pode trabalhar”, questionou o pároco.

Risso volta a citar a tragédia e diz que sua opinião poderia chocar. “Por que os pais não olham? Depois choram, largam lágrimas e fazem o escarcéu. Existem maneiras de se divertir (...). Tinha gente lá dentro, só que eles não falam em público, que os jovens descarregaram os extintores para brincar, fazer a fumacinha. É uma irresponsabilidade do jovem também. Tinha drogas e álcool”, afirmou Risso. 

"Se os pais fossem um pouquinho mais responsáveis no papel de pai e mãe, sabendo dar o amor aos filhos eles (os filhos) não procurariam lugares inadequados o espaço para ter o lazer. (...) Agora não adianta chorar, a tragédia já aconteceu (...) Os pais e mães devem se sentir responsáveis e não, agora, sentir remorso porque não souberam acompanhar os filhos (...)."

Já durante o programa do fim da tarde da rádio Spaço FM, o presidente da AVTSM, Adherbal Ferreira, comentou a entrevista e considerou “decepcionante” as palavras usadas pelo padre. Durante o áudio, Ferreira e Risso conversam simultaneamente com o locutor.

“Fico chateado, o chefe supremo da Igreja Católica, o papa Francisco, nos apoia, apoia os jovens, inclusive mencionou meu nome ao bispo de Santa Maria, enviou um texto para mim. Se o Papa nos apoia, apoia os jovens, como um padre pode dizer infâmias dessa natureza? Não vamos generalizar jamais, porque a Igreja Católica é nossa companheira, mas é decepcionante”, repetiu Ferreira. Ele conta que o religioso teria se negado a rezar missa em memória das vítimas, em janeiro passado, e também na última segunda-feira. 

Ao longo da conversa, o presidente da associação pede diversas vezes para que o pároco se desculpe. Em resposta, o padre afirmou que “tudo não passou de mal-entendido” e que durante a entrevista da manhã ele estava dirigindo e não conseguia ouvir o repórter.

Adherbal Ferreira argumentou que pediu para o padre enviar uma carta registrando as desculpas. “Ele falou uma grande besteira, desrespeitou famílias. Eu deixo livre, para cada um fazer o que acha melhor, tomar alguma providência. Ele deveria ter uma correção do próprio bispo dele”, apontou.

Em contrapartida, Risso afirmou já ter enviado uma carta a Santa Maria e garantiu que conversou com religiosos da igreja do município nesta manhã. “Já falei com os interessados e foi um mal-entendido. Encaminhei uma carta por escrito ontem e está tudo direitinho. Eu perdoei e ele me perdoa, foi isso que ficamos de acordo. Perdoar é divino. Se eu disse alguma frase que repercutiu mal, que não pegaram o todo, eu tenho a obrigação, como padre, de pedir desculpa e colocar a coisa bem clara. A gente não quer o mal de ninguém, pelo contrário, a gente sofre com aqueles que estão sofrendo", completou o religioso. 

Até a tarde desta quarta-feira, a AVTSM informa não ter recebido carta alguma.


Com informações Zero Hora/G1


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