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terça-feira, 15 de novembro de 2011

"NEM" defende a ação da igreja, que segundo ele, nunca deve desistir de ninguém


O traficante Antonio Francisco Lopes, o Nem da Rocinha, preso na última semana numa blitz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, concedeu uma entrevista à Revista Época dias antes de sua prisão. Nessa entrevista, Nem fala de sua crença, de suas ideias a respeito do tráfico e das leis e da sociedade: “Não uso droga, só bebo com os amigos”, afirma Nem.
A entrevista, que a pedido de Nem, não pode ser gravada pela jornalista Ruht de Aquino, foi feita em um campo de futebol, em meio aos boatos de que estava planejando se entregar à Polícia.
e tivesse mais caras assim, tudo seria melhor”.
Aparentando cansaço da vida que levava, contou que estimulava os que queriam largar o crime. “Bom é poder ir à praia, ao cinema, passar com a família sem medo de ser perseguido ou morto. Queria dormir em paz, levar meu filho ao zoológico. Tenho medo de faltar aos meus filhos. Quero pagar minha dívida com a sociedade”, afirmou Nem, que complementou o raciocínio afirmando que não negocia crack pois essa droga destrói pessoas, famílias e toda a comunidade: “Conheço pessoas que usam cocaína há 30 anos e funciona, mas com o crack, as pessoas assaltam e roubam, tudo na frente. Não negocio crack e proíbo na Rocinha. Eu digo a todos meus que estão no tráfico: a hora é agora. Quem quiser se recuperar, vai para a igreja e se entrega para pagar o que deve e se salvar”.
Defendendo a legalização da Maconha, como forma de acabar com o tráfico, Nem afirmou que em pouco tempo, a legalização ocorrerá: “Acho que em menos de 20 anos a maconha vai ser liberada no Brasil. Nos Estados Unidos, está quase. Já pensou quanto as empresas iam lucrar? Iam engolir o tráfico”. Ele também defendeu a instalação das UPP’s nos morros cariocas, que segundo ele, foi excelente. “O Rio precisava de um projeto assim. A sociedade tem razão em não suportar bandidos descendo armados do morro para assaltar no asfalto e depois voltar. Aqui na Rocinha não tem roubo de carro, ninguém rouba nada, às vezes, uma moto ou outra. Não gosto de ver bandido com um monte de arma pendurada, fantasiado. A UPP é um projeto excelente, mas tem problemas. Imagina os policiais mal remunerados, mesmo os novos, controlando todos os becos de uma favela. Quantos não vão aceitar R$ 100 para ignorar uma boca de fumo?” questiona.
Em sua matéria, a jornalista conta que ao encontrar o traficante, ele conversava com um pastor e pedia que ele o mantivesse informado sobre um rapaz que tinha tido uma recaída: “Pegou ele, Pastor? Não pode desistir. Caraca, ele estava limpo, sem droga, tinha encontrado um emprego… Me fala depois”. Sobre a recuperação das comunidades, Nem defende a ação da igreja, que segundo ele, nunca deve desistir de ninguém: “A igreja não pode desistir de nunca de recuperar alguém”.

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