"É lamentável essa briga, pois o objetivo da igreja deve ser evangelizar", afirmou o pastor da Catedral das Assembleias de Deus de Volta Redonda, David Cabral.
A troca de farpas entre o bispo Edir Macedo, fundador da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), e o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, está repercutindo também no Sul Fluminense.
Depois de ganhar as manchetes nos principais noticiários do país, o assunto reverberou em Volta Redonda. Pastores de diversas denominações foram ouvidos pelo jornal Diário do Vale e a maioria deles desaprovou a reportagem veiculada, domingo passado, pela Rede Record - que foi o estopim da "nova guerra santa".
O líder da Cadevre (Catedral das Assembleias de Deus de Volta Redonda), pastor David Cabral, preferiu não tomar partido de nenhum dos lados envolvidos na discussão. Porém, o religioso declarou que a postura de Macedo "foi lastimável".
- É lamentável essa briga, pois o objetivo da igreja deve ser evangelizar. O Edir (bispo Edir Macedo) foi infeliz ao veicular a reportagem em seu canal de televisão, mas a resposta do Silas Malafaia também só serviu para envolver ainda mais pessoas no conflito, fazendo com que ele tomasse proporções maiores. Enfim, não foi prudente a postura de nenhum dos dois - ponderou.
O pastor Joel Pereira, da Projeto Vida, foi mais incisivo nas críticas ao líder da Universal.
- A reportagem de domingo, exibida pela TV Record, causou espanto entre os evangélicos do país inteiro. O Edir Macedo foi antiético e, agora, ficou isolado, pois as poucas igrejas que ainda dialogavam com a IURD, como a minha, não vão mais querer manter a proximidade. O bispo se perdeu na tentativa de frear o esvaziamento da Universal. Ao veicular a reportagem, creio que essa era a intenção dele, no entanto, o tiro saiu pela culatra - avaliou.
Outro que opinou foi Eduardo Cruz, também da Projeto Vida. O pastor taxou como "anticristã" a atitude de Edir Macedo:
- De todo coração, o bispo Macedo está sendo infeliz nas declarações dele. E mais: ele está se comportando de modo antiético e antibíblico. A vontade do Edir Macedo é ser grande e poderoso, anseios que não vão ao encontro da palavra de Deus. O evangelho deve ser instrumento de união, e não de divisão, e é isso que o líder da IURD vem promovendo.
Procurados, os pastores José Elias (Igreja Presbiteriana Viva da Voldac) e Marcelo Adson (presidente do Conselho de Pastores Evangélicos de Volta Redonda) preferiram não comentar o assunto, alegando que não sabem do que se trata. Já as lideranças da sede da Universal, na Vila Santa Cecília, afirmaram que não têm autorização para dar qualquer declaração sobre o assunto.
Entenda o caso
Pela primeira vez na história do país, as igrejas evangélicas travam uma "guerra santa". O ápice ocorreu no domingo, quando a Rede Record - ligada ao bispo Edir Macedo e à Igreja Universal do Reino de Deus - exibiu 40 minutos de reportagem no horário nobre, no programa "Domingo Espetacular", criticando as ações das demais igrejas pentecostais e neopentecostais brasileiras.
Foram acusações em forma de denúncias jornalísticas, em que a Record criticava o "cai cai no espírito" (ação em que o fiel cairia após o pastor ungi-lo com o Espírito Santo). Edir Macedo, mesmo antes de o programa que ridicularizou o "cai cai", já havia dito que os pastores que utilizam o método "são endemoniados".
Em resposta, fiéis das igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais criticaram a Record e colocaram nos trending topics do Twitter mundial a hashtag #vergonharecord como primeira colocada. O pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, gravou anteontem um vídeo, sucesso na internet, respondendo a Edir Macedo e dizendo que a reportagem é "desespero da Igreja Universal", por estar perdendo adeptos.
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