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terça-feira, 26 de julho de 2011

Esaú, nova referência dos líderes evangélicos


Recentemente, assisti a um vídeo na internet em que jovens cristãos, que suponho serem evangélicos, apresentam uma oração de Francisco de Assis. Confesso que fiquei muito emocionado. Que bom que eles descobriram o frade que desafiou o papado com sua mensagem revolucionária e radical. Mas no final do filme, tive uma surpresa. A imagem de Che Guevara com uma coroa de espinhos. Eles conseguiram a proeza de enxergar na famosa caricatura do revolucionário a imagem de Jesus.

O que isso me diz? Que não há referências disponíveis para os nossos jovens. Eles carecem de heróis. Foram buscar inspiração num santo canonizado pela igreja católica e num líder político revolucionário da América Latina canonizado pelas massas.

Enquanto isso, a igreja evangélica forja novos tipos de heróis. Se para a igreja primitiva, herói era quem morria pela causa do Reino, para a igreja contemporânea, herói é quem alcança sucesso em seu ministério.

Quem são nossos novos heróis? Não são mais os mártires, e sim os que cruzam nossos céus em suas próprias aeronaves. Os que constróem suntuosas catedrais. Os que se tornam políticos de grande influência. Os que ostentam jóias, penduricalhos revestidos de ouro, ternos Armani, sapatos de cromo alemão, etc.

Quem se inspiraria num frade maltrapilho? Ou num pastor abnegado com seu terno surrado?

A igreja de hoje está dividida entre várias influências marcantes:

Há os gedozistas (G12), cuja referência maior é o apóstolo Renê Terra Nova. A cada dia, novas igrejas adotam o esquema do G12. Enquanto isso, pastores sonham com o dia em que terão seu próprio avião, a exemplo do seu paipóstolo. Já há pastores exigindo que sejam chamados de paistor, pra ficarem mais parecidos com seu ídolo. Sem contar os inúmeros atos proféticos, encontros tremendos, e outras bizarrices do gênero. O Terra Nova, bem como outros expoentes deste 'mover' são a prova inconteste de que a coisa realmente funciona. E é isso que interessa pra eles. Não há compromisso com a consciência, com o que é certo, mas com o que dá certo.

Há os Iurdistas. Não me refiro aos pastores da Igreja Universal, e sim às igrejas que se dobraram ao esquema iurdiano. É o que dá certo! Amuletos, correntes, pedidos levados para o monte (já que levá-los pra Israel fica muito caro), e sacrifícios, muitos sacrifícios para alimentar a máquina. No mesmo balaio, cabe a Igreja da Graça, a Mundial do Poder de Deus, e outras franquias do gênero. Até alguns dos seus ferrenhos críticos acabaram cedendo. Um exemplo disso é o apóstolo Miguel Ângelo. Doutrinas diferentes, mas práticas semelhantes. Macedo se tornou o modelo desta turma que sonha um dia também ter seu próprio canal de TV.

Há os gospistas, cuja referência maior é o casal Hernandes. Eu disse gospistas, não golpistas (o trocadilho é proposital). Daí, tudo é gospel. Noite gospel, academia de ginástica gospel, boate gospel, e já tem até cerveja e motel gospel. É ano apostólico disso, ano apostólico daquilo, e lá vai fumaça!
Quem não se ajusta a um desses esquemas corre o risco de ficar pra trás. 

Esperto é quem consegue reunir o que há de ‘melhor’ (ou seria ‘pior’) dos três esquemas. Imagine a reunião dessa ‘santíssima trindade’: Terra Nova + Macedo + Hernandes. Qual seria o resultado desta equação? Quem seria o subproduto, o Frankstein que surgiria da fusão entre eles? 

Imagine reunir a turma do Monte Sinai, com a do Peniel, e a dos Gideões! Misericredo! Imagine uma igreja que além de adotar os produtos gospel, ainda integrasse a visão celular no modelo dos 12, com direito a shofar e tudo mais, com as campanhas e amuletos iurdianos.

É triste ver igrejas sérias se rendendo a esses 'moveres'. 

Há ainda os Malafistas, com seus congressos, cruzadas e pra completar, suas bíblias comentadas ao peso de ouro. 

Só há uma maneira de fazer uma limpeza no arraial evangélico: boicote. Temos que mobilizar a igreja para boicotar os produtos desta turma. Enquanto estiverem se dando bem, eles não mudarão. Só um prejuízo no bolso para fazê-los reconsiderar seus posicionamentos, e quem sabe, voltarem-se para Deus. 

Recuse-se a dar audiência a seus programas. É um bem que você faz a eles e à igreja de Cristo como um todo. 

Não pague pra participar de um encontro, cuja finalidade não é outra senão fazer-lhe uma lavagem cerebral.

Recuse-se a participar de marchas que não tem outro propósito que não seja demonstrar cacife político, pra depois negociá-lo em nome do povo evangélico.

Pare de gastar seu suado dinheiro com cd's cujos temas são sempre os mesmos. Não desperdice seu precioso tempo lendo livros de auto-ajuda disfarçados de livros cristãos.

Em vez de Jacó, a nova referência bíblica dos pastores é Esaú.

A propósito, compus um breve poema sobre isso, e chama-se “Esaú”. Quero dedicá-lo a todos os que caminhavam bem, mas acabaram se rendendo ao apelo mercadológico que se instalou no arraial evangélico.

Esaú, Esaú, fizeste pouco caso de tua primogenitura
Deixaste corromper uma mensagem tão pura
Te vendeste por tão pouco, Esaú!
Esaú, Esaú, trocaste a graça por um prato de lentilha
Deixaste o rebanho a mercê da matilha
Te vendeste por tão pouco, Esaú!
Esaú, Esaú, trocaste a verdade por outra cartilha
Deixaste o caminho pra cair numa armadilha
Te vendeste por tão pouco, Esaú!
Esaú, Esaú, por que há tanta amargura em teu coração?
Por que não reconhece e pede perdão?
Ainda resta algum tempo, Esaú!
Lembras de quando conheceste a graça
Tesouro maior que nem ferrugem ou traça
seria capaz de devorar?
Lembras de quando aprendeste do reino?
Teu discipulado foi apenas um treino
Pra que aprendesses a amar
Já te esqueceste, Esaú,
das lágrimas derramadas
Das longas jornadas,
Simplesmente por amar?
Te ofendeste, Esaú
Por minha sinceridade,
Por te dizer a verdade,
Simplesmente por te amar?

Fonte: Genizah / Hermes Fernandes

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